Consagração, conversão levada ao extremo.
























"Ama de todo coração a Deus e a Jesus Cristo seu Filho crucificado" (5 CCL)

A Cruz, só a Cruz é que atrai as vocações. É ela o motivo da entrada do jovem na vida consagrada e de sua permanência.

Esse blog vocacional é uma das formas que a Fraternidade O Caminho encontrou para tratar, através de um "bate-papo" franco, alguns temas que na maioria das vezes constituem um problema na hora do jovem abraçar a vida consagrada.

O jovem que nos procura deve estar ciente que estará vindo para uma vida de renúncias, para uma árdua e difícil missão, para uma austera pobreza, experimentada num clima de perfeita alegria.

Venha viver conosco o desafio de ser discípulo de Cristo.

Não se atrai jovens com propagandas publicitárias, atrai-se com testemunho.

A vida consagrada é chamada a atrair os homens para Deus. Será que pode haver algo mais fascinante que isso?


Pe. Gilson Sobreiro
Fundador da Fraternidade O Caminho



sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Santa Clara de Assis

Dia 11 de Agosto comemoramos o Dia de Santa Clara… 

Conheçamos um pouco daquela que nos convida, pela via da oração contemplativa a nos transformar por completo na imagem de Deus, amando de todo coração à Deus e a Jesus Cristo, seu Filho crucificado. 

O seu nome já diz tudo. “Clara de nome, mais clara ainda pela sua vida, claríssima em suas virtudes” (1 Legenda de Tomás de Celano 18). O nome foi dado por sua mãe, que sentindo chegar a hora do parto, orava na Igreja, de frente ao Crucificado, implorando a graça de um parto feliz, quando ouviu uma voz lhe dizer: “”Não receies senhora, porque de ti nascerá, sã e salva, uma luz de brilho mais claro que o próprio dia” (Legenda de Santa Clara 2). Fiel a esta profecia, sua mãe Hortolana a batizou com o nome de Clara. Detalhe: na mesma pia batismal que o pobre de Assis, São Francisco, havia sido batizado doze anos antes. 

Era o ano de 1193. Seu pai era cavaleiro e sua mãe provinha de uma família de aristocratas. Recebera boa educação e fora preparada, como uma jovem pertencente a nobreza, para um promissor casamento. 

Motivada pelo testemunho e pelas palavras de Francisco, decide abandonar a casa paterna, vender seus bens aos pobres e viver pobremente num mosteiro, juntamente com outras irmãs. Era o ano de 1210. O referencial de Clara é a conversão de Francisco, “que , como homem novo, tudo renovava”. Se há um homem novo, é porque houve uma homem velho. Diante dessa mudança tão radical, Clara quis logo vê-lo e ouvi-lo. Quis saber o que de fato tinha acontecido, porque todos diziam que ele havia se tornado um louco. 

A conversão dramática e extrema de Francisco acompanhou Clara por toda vida. Em seus escritos, insistentemente ela a cita: “Depois que o Altíssimo Pai Celestial, pouco depois da conversão de nosso bem-aventurado Pai São Francisco, iluminou-em o coração para que, seguindo-lhe o exemplo fizesse penitência” (Testamento de Clara 24). Clara, com a mesma intensidade de Francisco, compreendeu a conversão como princípio de uma vida totalmente diferente da que até então levara. 

A expressão “fizesse penitência” nos mostra de forma precisa o caráter radical e evangélico de sua mudança. Com isso, ela nos ensina que o chamado a uma vida consagrada supõe, antes de tudo, um chamado à conversão. Sem conversão não pode haver consagração! Francisco também ouvira falar de tão prendada menina e por isso quis conhece-la (Legenda de Santa Clara 5). 

Os encontros lhe revelaram que a jovem Clara buscava algo mais do que aquilo que já vivia. Em sua casa, Clara já procurava viver uma vida de oração “a sua oração era sua ocupação preferida” (Legenda de Santa Clara 4); de mortificação: “sob os vestidos preciosos e finos usava um pequeno silício” (LCL4); e de amor aos pobres: “enviava comida às escondidas para saciar os mais fracos” (LCL3). 

Clara precisava somente de um exemplo e o encontrou em Francisco. E agora o que fazer?, perguntou-se Clara. “Aproximava-se a solenidade de Ramos, quando a jovem de fervoroso coração, foi ter com o homem de Deus, para saber o que deveria fazer para mudar de vida”. “O Santo Pai (São Francisco) lhe ordenou que se apresentasse bem vestida e adornada, que participasse com o povo na cerimônia de Ramos e que na noite seguinte deixasse a cidade, transformando as alegrias mundanas em luto pela Paixão do Senhor” (LCL 7). 

Clara assim o fez. Vai para a Igreja, bem vestida, e lá lago de curioso acontece. No momento da distribuição dos ramos, o Bispo desce do altar e lhe entrega pessoalmente um ramo. Era o prenúncio de uma virgindade consagrada. Na noite seguinte Clara foge de casa. Sai às escondidas pela porta do fundo para não ser vista. A Santa sabia que a família nunca a apoiaria em tão grande loucura, deixando tudo para trás: segurança, conforto, proteção, família e amigos. 

A forma de vida das Irmãs Pobres de São Damião, nome que Clara dera ao seu pequeno grupo, consistia em viver o Evangelho em absoluta pobreza e fraternidade. 

Clara foi a primeira mulher a escrever uma regra e ser aprovada pela Igreja. Nisso podemos ver que Clara foi uma jovem decidida. Desde que descobrira que havia um “Nobre Cavalheiro” digno do seu amor, lançou-se sem reservas em seus braços, tornando-se assim “Sponsa Christ”, esposa de Cristo. Sua aliança com o Esposo da alma é para o sempre. 

Com Ele e por Ele, suporta todas as provações, ultrapassa todos os obstáculos. Tudo isso, sem queixas e arrependimentos. É a perfeita alegria que lhe ensinara seu Pai espiritual, São Francisco de Assis. Clara é ao mesmo tempo encantadora e desconcertante. 

Clara atrai, mas também incomoda. Deve ser por isso que cada época é salva pelo Santo que mais a contradiz. Amou e serviu até o fim e morreu, após longos anos de sofrimento, como sempre vivera, feliz, deixando para toda Igreja um legado de santidade e uma família numerosa de filhas. O ano era o de 1253. 

Que nossa seráfica mãe Clara nos abençõe! 


Pe. Gilson Sobreiro 
Fundador da Fraternidade O Caminho 

(Texto extraído do livro “Consagração, Conversão Levada ao Extremo. Um itinerário vocacional com Santa Clara de Assis. Editora Palavra & Prece. 2ª Edição, 2008)

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